terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

UMBANDA E CANDOMBLÉ

Xenu jami jipange anga makamba ia njimu
( Olá meus irmãos e amigos de culto )

Li uma postagem em uma comunidade do orkut, onde colocaram em questão as diferenças entre o Candomblé e a Umbanda. Foi perguntado porque quando eram da Umbanda tinham como donos de suas cabeças determinadas Divindades e ao passarem para o Candomblé, tiveram suas Divindades mudadas.
Com isso me dei conta que deveria elaborar um texto explicativo sobre o assunto, com a intenção de esclarecer aos irmãos e irmãs que têm consigo esse tipo de curiosidade ou dúvida e também abordar algumas questões de mudanças que ocorreram na Umbanda com o passar dos anos.
A Umbanda é um culto (religião) de origem brasileira, oficializada no estado do Rio de Janeiro em 1908, pelo médiun Zélio Fernandino de Moraes.
Quando uso a palavra "oficializada", é porque estudos e pesquisas indicam que a Umbanda já existia muito antes do ano em questão (1908). Não da forma que é feita no Brasil, mas esses cultos à espiritos ancestrais eram praticados em África Bantu, de 1200 anos a .c; à 2500 a .c; com essa variação de estudos e pesquisas.
Com a chegada dos negros Bantu no Brasil por volta de 1516, esses cultos à espíritos de ancestrais continuaram nas senzalas, onde os espíritos se comunicavam com o mundo dos vivos, através de sonhos, intuições e também por possessão (incorporação).
Voltando para a Umbanda praticada após sua oficialização em 1908....
Em seu início a intenção era ter uma religião onde os guias espirituais e entidades trabalhassem para sua própria evolução na espiritualidade e para ajudar os necessitados, sem preconceitos ou distinções.
Inicialmente as entidades, guias espirituais como caboclos, pretos velhos, crianças e outros ajudariam as pessoas através de passes, rezas e ensinamentos vindos da espiritualidade, pois o espiritismo (Allan Kardec) considerava essas entidades de certa forma, primitivas para trabalharem e incorporarem em seus médiuns nas sessões por eles elaboradas, tendo em vista que, NA VISÃO DOS MESMOS, eles só trabalham com espíritos de muita evolução como: médicos, cientistas, artistas, filósofos, etc....

Enfim, surgiu a Umbanda!!!

Em seus primeiros anos, a Umbanda foi um culto, onde seus médiuns vestiam-se de branco, oravam, cantavam e batiam palmas. Incorporavam com seus guias espirituais e entidades, praticavam a caridade à todos que ali chegavam, mas com o passar dos anos a Umbanda cresceu e se espalhou por outras cidades e estados e começaram as mudanças!
Foram introduzidas na mesma várias modificações, Divindades e instrumentos de origem Nagô Yorubá, ou seja, os Orisá (Orixás)..... Foram também implantados segmentos e objetos de outras religiões!!!
O atabaque, o adjá, roupas de cor, imagens de Santos Católicos, o sincretismo, cantigas e saudações (em português) para as Divindades Africanas, que começaram a fazer parte de seus rituais, fazendo-se dessa forma uma mistura sem tamanho, onde as casas que praticavam os cultos da Umbanda que deveriam ter cultos ao menos semelhantes, faziam os mesmos de forma totalmente diferentes, onde até os dias atuais encontram-se casas de Umbanda, sendo cada uma com seus cultos diferenciados uns dos outros. (Dificilmente falam a mesma língua)...

As diferenças entre Umbanda e Candomblé são imensas e sem comparações!!
O candomblé é uma religião de matriz africana e para se integrar a ela, o filho(a) tem que passar pelo processo de iniciação...... que é o primeiro passo que o novo adepto se submete para ser um filho de Nkisi (Divindade Bantu) ou filho de Orisá (Divindade Nagô).
Enquanto a Umbanda também traz a origem africana, porém seu culto é misturado com o catolicismo, espiritismo de Kardec e sincretismos...... não é iniciática e qualquer situação de iniciação dentro da mesma, é pura invenção de seus próprios adeptos (a iniciação que me refiro, é aquela que representa um novo nascimento, quando o iniciado "Muzenza ou Yaô" nasce para sua Divindade e a partir desse novo nascimento, ele torna-se um iniciado na religião).
As entidades (espíritos) que se manifestam em seus filhos na Umbanda, através de possessão ou incorporação, não são Divindades (Nkisi, Orisá ou Vodun) e sim espíritos, guias espirituais, tiveram vida em Terra, encarnam e desencarnam, diferentemente dos Minkisi (Divindades) de tradição Bantu ou Orisá de tradição Nagô que são Divinos, são elementos da própria mãe natureza (Mam’etu Utukilu), não tiveram vida em Terra, tampouco forma humana, são eles: a própria chuva, o próprio raio, os ventos, a terra, a água e suas nascentes, o fogo, o trovão, as plantas e suas raízes, as lavas vulcânicas, etc....
São as criações mais antigas de Deus, Nzambi Mpungu (das nações Angola e Congo) ou Olorum (dos povos Nagô Yorubá-Ketu)!!

A DIVINA NATUREZA NUNCA IRÁ EVOLUIR, SEMPRE SERÁ DA MESMA FORMA COMO FOI CRIADA POR DEUS, POIS É PERFEITA E NÃO POSSUI PECADOS.....O mar, a terra, os ventos, a água, o ar sempre serão os mesmos elementos Divinos... (SOMENTE AS RELIGIÕES É QUE EVOLUEM E SE MODIFICAM, DE ACORDO COM OS INTERESSES PESSOAIS DO HOMEM, INFELIZMENTE!)

Esses Minkisi/Akixi ou Orisá, só tomam seus filhos por possessão quando seus filhos são iniciados para eles, ou seja, à cabeça (Mutue) do filho é preparada para receber essa força energética, fazendo uma concentração e ligação direta de energias entre à cabeça do filho e o assentamento (KUNDA) de sua Divindade. Se não for dessa forma, o filho que não é iniciado tombaria ao receber essa descarga de energia, o que muitos chamam popularmente de "bolar no santo”.

Cantar, louvar, saudar em português os Orixás (Orisá) Nagô de língua yorubá como se faz na Umbanda é bem diferente de dizer que essas Divindades tomam por possessão os "médiuns," que não são iniciados para receber em suas cabeças e corpos essas energias da natureza.

Quanto às mudanças de Divindades, quando a pessoa se encontrava na Umbanda e depois passou para o candomblé e ocorrem mudanças de Orisá ou Nkisi, também não vejo essa possibilidade, pois só as religiões de nação (Candomblé) têm como dizer qual é a Divindade a qual o filho pertence.
Somente um sacerdote (Nganga) pode fazer uso dos jogos adivinhatórios, oráculos (Búzios) ... Que é a forma correta de saber qual é a Divindade do filho....... Quem faz uso desses instrumentos de adivinhação, são os Babalorisá//Yalorisá, Jinganga (sacerdotes), Nengua (sacerdotisa), Tata, Mama, Tat’etu ou Mam’etu, das tradições religiosas africanas, que são preparados para manipular os oráculos, bem diferentes dos padrinhos, madrinhas ou chefes de terreiros de Umbanda, que não são preparados para isso, ou seja não passaram pelo processo de iniciação e assim sendo, não receberam os direitos do sacerdócio, portanto não têm poder e nem direito de dizer qual é o Nkisi, Orisá ou Vodun desse ou daquele médium (filho).

Não devemos nos esquecer que seus trabalhos ou sessões são feitos por intermédio de guias e entidades espirituais, que também não têm como dizer qual é a Divindade que é dona da cabeça de determinado médium (filho), uma vez que trata-se de uma religião brasileira com guias brasileiros (ancestrais da terra), por isso eles não têm condições de dar referências de Orisá, Nkisi ou Vodun oriundos da África. Também existe o fato de que a entidade está ligada ao plano espiritual, e o Orisá/Nkisi ou Vodun ligados aos elementos da natureza, um é espírito (teve corpo, encarna e desencarna), a Divindade é energia, planos de existência totalmente diferentes, ao contrário do que muitos imaginam, não caminham juntos....... ASSUMEM PAPÉIS DIFERENTES NO UNIVERSO!!

Quando vemos médiuns de Umbanda incorporados com seus “ORIXÁS”, na verdade estão tomados em possessão por seus caboclos ou caboclas, sejam eles das matas, das cachoeiras, dos rios, das marés, caboclos de armadura, caboclos de pena ou de outros caminhos ou campos de atuação, são entidades e respondem à outras entidades superiores à elas, não são Divindades (Orisá, Nkisi ou Vodun). Tenho muita fé nesses amigos da espiritualidade, mas não devemos confundir guias espirituais com Divindades de origem africana, elementos da natureza, que são cultuados única e exclusivamente nas jinzo (casas) de Mbutu (nação) de candomblé..... O espírito e/ou entidade, toma seu filho através da incorporação de fora para dentro e as Divindades tomam seus filhos em possessão, de dentro para fora, pois a Divindade dona é dona da nossa mente e do nosso corpo e o mesmo é o templo da Divindade, somos sagrados e profanos....

Sempre tive curiosidade e quis entender, porque a palavra que deu origem a Umbanda, é de origem Bantu Angola, da língua Kimbundu.
Não entendo, pois se a palavra Umbanda é de origem Bantu, porque foi implantado em seus cultos Divindades de origem Nagô Yorubá- Ketu (Orisá)......
As tradições religiosas dos povos Nagô Yorubá, são dirigidas diretamente aos seus Deuses (Orisá). Para os Nagô, a possessão (incorporação) em seus corpos, só pode ser realizada por seus Orisá, nunca por espíritos. Para eles (Nagô) é inconcebível um espírito de morto, tomar sua cabeça em possessão, sendo que a mesma é preparada para sua Divindade (Orisá).

Só para constar: A palavra Umbanda é de origem Bantu, da língua Kimbundu e significa: Magia da Cura, dela se deriva a palavra Kimbanda, que tem o significado de: Curandeiro.
Tomaram caminhos bem diferentes dos seus significados!!!!!!
Meu grande amigo professor, pesquisador e escritor Sérgio Paulo Afonso, tem uma opinião sobre esse assunto, que particularmente vejo muita lógica........
Através de pesquisas, tudo caminha para a seguinte conclusão, que eu gostaria de compartilhar com vocês!!!

Todos nós sabemos que os negros de origem Bantu, chegaram ao Brasil 200 anos antes que outros povos de origem africana. Com isso foi imposto à eles, o período mais desumano de nossa história......
Com a chegada 200 anos depois dos negros Nagô Yorubá-Ketu, já em um período mais ameno da escravidão, traziam com eles sua cultura, tradição, língua e seus cultos religiosos (Orisá – Orixás), sua religião ficou em evidência e mais forte, já que a maioria dos negros Bantu já haviam sido “desafricanizados” e perdido sua essência religiosa, também foi imposto à eles o cristianismo, por seus senhores brancos......
Esses povos de origem Bantu, diferentemente de outros povos africanos, cultuavam além de suas Divindades (Minkisi e Akixi), também espíritos (ancestrais/antepassados) de uma forma mais direta.

O professor Sérgio Paulo Afonso, me enviou um texto sobre esses povos. Colocarei parte do mesmo para um melhor entendimento.......

"Os povos Ambundu compunham outrora o reino de Angola, nome que nomeia hoje o moderno país de Angola e foram contatados oficialmente pelos portugueses, através de um navegador chamado Paulo de Novais, em 1565.
Os Ambundu acreditavam que a vida se dá na Terra e também no além-túmulo e que o espírito dos antepassados está sempre presente entre os homens, na forma de antepassados (bakulu) e ancestrais.
O antepassado pode ajudar ou atrapalhar a vida dos vivos, aparecendo à seus decendentes em forma de sonhos e premonições. Pode também vir até seus descendentes através de possessão (incorporação) de um morto numa pessoa viva (médium) para ditar seus desejos ou ensinamentos.
Além dos espíritos dos antepassados, os Ambundu também cultuavam as Divindades da natureza (Minkisi/Akixi)"......

Fonte: Prof° Sérgio Paulo Afonso

"Outro Texto sobre o culto a espíritos acestrais, práticados pelos nativos Bantu".

SERES ESPIRITUAIS ENTRE OS BAKONGO. (Bakongo - plural de Kongo)... Os Bakongo são os povos Bantu que habitavam as antigas regiões do Kongo (Congo).

Para os bakongo existem várias classes de seres espirituais. Em primeiro lugar está Nzambi Mpungu (DEUS), criador de si mesmo e de todas as coisas que existem. Nzambi Mpungu vive na sua própria cidade e é o responsável por todos os seres viventes.
Em segundo lugar estão os Minkisi (sing. Nkisi = Divindade) encarregados dos elementos da natureza, uma vez que os mesmos foram os construtores do planeta.
São os próprios elementos da natureza, representados através de estátuas, ou de outros recipientes que contêm arte da sua energia vital (assentamento).
Em terceiro lugar estão os Misimbi e os jinkita (sing. Simbe – Nkita), espíritos da natureza, sendo que para alguns grupos, os Misimbi são aquáticos e os Jinkita terrestres. Para os Ndimbu, um sub-grupo bakongo, os Misimbi e os Jinkita seriam as vozes dos Minkisi, ou aqueles que falam por eles.
Em quarto lugar estão os antepassados. Os bakulu, antepassados que tiveram uma vida de acordo com as leis morais da comunidade e por isso pós morte, alcançaram a graça de viver na vila dos antepassados, que é muito semelhante a dos humanos (encarnados). Os antepassados estão sempre presentes na vida da comunidade e podem reencarnar nos seus descendentes. Um outro tipo de morto, os que não seguiram as leis comunitárias, que fizeram maldades, roubaram ou mataram inutilmente, não tem direito a viver na vila dos antepassados bons e se transformam em Tebo (pl. matebo), seres de pequeno porte, pele esbranquiçada, cabeleira longa e vermelha e possuem um odor nauseabundo. Vivem errantes nos arredores das vilas dos homens (encarnados), se alimentam de frutos maduros, galinhas e outros pequenos animais, e estão sempre a serviço dos feiticeiros para fazer maldades. Dormem em cima de árvores como os macacos. São seres muito temidos por todos.

Fonte: Prof° Sérgio Paulo Afonso

Creio eu, que os Orixás Nagô/Yorubá tiveram sua implantação na Umbanda e também um maior destaque em outros segmentos da nossa sociedade, até nos dias atuais, sobressaindo às Divindades de Angola e Kongo Angola, pelos motivos acima citados......

*Apesar da oficialização da Umbanda em 1908, vimos que ela é bem mais antiga..... esses cultos eram praticados lá em África (incorporação com espíritos/ancestrais) pelos nativos Bantu.
No Brasil tomou outros rumos e formas de culto por força da grande influência Nagô, mas continuou com seu nome de origem Bantu (Kimbundu), como foi postado acima*

Mas também creio que isso não tem grande importância, o que realmente acho importante é a perda da essência espiritual da Umbanda..........Essa religião tão querida e amada por muitos, está sendo vitimada por várias formas de mudanças!
Devemos lutar contra isso, pois a Umbanda é uma religião embasada na simplicidade, humildade, no amor e na caridade ao semelhante com a magia da incorporação dos guias espirituais.......A magnitude do passe, a força bruta dos caboclos, as rezas dos pretos velhos e seus ensinamentos, os antigos benzimentos e simpatias, as alegrias das crianças incorporadas em seus médiuns, transmitindo a impressão que pessoas adultas voltaram a encontrar a pureza dentro de si, a ingenuidade das crianças que perdemos quando nos transformamos em adultos....
Essa na minha opinião é a essência da Umbanda, que se não zelarmos acabará se perdendo, pois o interesse individual de alguns, só visam o seu próprio bem estar.............

Nos últimos 25 anos, a Umbanda sofreu o maior número de mudanças e “invencionices” desde sua oficialização no Brasil.
É claro que não são todos os chefes de terreiros que aderem as tais mudanças, que são divulgadas em sua maioria, através de livros e de cursos ministrados.

Temos um senhor de nome Saraceni, muito conhecido nos meios da Umbanda, autor de vários livros e que se auto intitula Babalorisá, mesmo sem nunca ter passado pelos processos de iniciação, que é o maior inovador e inventor de conceitos dentro da religião!

Não tendo ele, como dizer de onde vêm todos esses ensinamentos e não tendo uma fonte para os mesmos, coloca todo esse suposto “saber” como Divino, vindo tudo do plano espiritual, através de suas psicografias.
Creio eu, que a intenção de tudo isso é criar uma nova religião, onde ele pensando em seus objetivos pessoais seria o grande fundador e mentor de tudo, se tornando uma espécie de Bispo Macedo da nova religião....
Em seus livros, é passada a impressão que temos 2 tipos de Orixás, ou seja, os tradicionais que são oriundos da África e os Orixás exclusivos do culto que ele prega e ensina....
Gráficos complexos, mistérios, tronos, tronos de luzes e cores, Orixás naturais, Orixás de incorporação, Orixás Auxiliares, enfim, uma verdadeira invenção, que fica muito longe de toda base da verdadeira Umbanda, que é humildade, simplicidade, caridade e amor.

Citarei um exemplo para constar o quanto esse segmento está equivocado.....“Em um de seus livros, é citado Pombagira como um elemento mágico, um agente cármico ativado pela lei maior, assentada à esquerda da religião Umbanda, um mistério regido por uma Divindade Cósmica que gera e irradia o fator “desejo” e completa o fator "vigor.” Absurdo!!!
A palavra POMBA GIRA, vem de uma interpretação errônea da palavra PAMBU NJILA....

Essa palavra Pambu Njila com o passar dos anos foi confundida e mal interpretada por muitos, chegando aos terreiros de Umbanda com nomes de Pomba Gira, Pombogiro, Bombogiro e outros...

Oras, todas as pessoas que são iniciadas na Mbutu (nação) Angola e/ou Kongo Angola, ou que se interessam pela cultura de procedência dos povos Bantu, sabem que Pambu Njila é uma Divindade MASCULINA, é um Mukixi que representa os caminhos, as estradas e também é nosso Guardião.
A palavra PAMBU significa atalho, encruzilhada, fronteira; e a palavra NJILA significa caminho, estrada.... (Ngana Pambu Njila = Senhor dos Caminhos)!!
É comprovada a questão da confusão e interpretação da palavra Pambu Njila por pesquisadores. Isso é fato!! Sem falar da língua Kimbundu dos povos angolanos, que até hoje é falada no continente africano por mais de 3 milhões de pessoas e a língua Kikongo dos povos Bakongo (Kongo) é falada por mais de 4 milhões de pessoas.....

Nos terreiros de Umbanda, Pomba Gira é uma entidade (espírito de mulher) que trabalha incorporada em seus médiuns!!
Ou seja, um nome que foi mal interpretado, por terminar com a letra “A” (transmitindo uma impressão feminina), passou de um Mukixi masculino para uma entidade mulher e agora vira elemento mágico, um agente cármico ativado pela lei maior, realmente estão brincando com coisa séria.......

Da mesma forma, que a palavra Exu é usada na Umbanda para definir as entidades, que geralmente vêm em seus médiuns bebendo, fumando e resolvendo questões de demandas, quando na verdade Exu/Esú é um Orisá de origem Nagô Yorubá ..... Tanto quanto Pambu Njila é o guardião da nação Angola, Esú é o guardião dos povos Nagô Yorubá Ketu.
A palavra Esú pertence à língua Yorubá e significa "ESFERA", pois trata-se de uma Divindade (Orisá), que está sempre em movimento.
A letra "X" foi implantada na palavra Esú (Exú) no Brasil, já existindo o sincretismo entre o catolicismo e a bíblia, onde comparações com o Diabo dos cristãos, se tornou inevitável para época e a LETRA X (usada no nome Esú-Exú) vem da palavra ÊXODO, que significa aqueles que chegam/vem de fora, de outro lugar.

Eu particularmente defino essas entidades que trabalham na Umbanda, como entidades intermediárias que trabalham por ordem de guias espirituais superiores, como caboclos e pretos velhos e cumprem a função de tomar conta de seus médiuns ..... Exemplo: Se o médium estiver dentro de uma danceteria, de um bar, de uma casa noturna e outros lugares do tipo, quem faz a vigilância e proteção dele são essas entidades, uma vez que pretos velhos e caboclos não necessitam de estarem nesses tipos de lugares.....
Também têm a função de proteger a casa e o médium de espíritos sofredores e retirá-los, levando-os para lugares determinados por superiores......
Eu os chamo de “povo da rua”, de "compadres", "companheiros" e muitos irmãos do candomblé, os chamam de “catiços”.
Acredito, que muitas pessoas dão crédito à esse tipo de ensinamento, pois a Umbanda verdadeira se define em simplicidade, limitando-se à passes, rezas, ensinamentos, benzimentos e simpatias de seus guias, que na minha opinião, se feitos com fé, são grandiosos......

A carência de fundamentos e a sede do saber, muito contribui para o crescimento dessas novas colocações dentro da religião.........Muitos chefes de terreiros de Umbanda, procuram o Candomblé para se iniciarem, mas quando lhes é falado do rigoroso caminho de iniciação e de seus preceitos, abrem mão e vão por um caminho mais fácil, porém equivocado.

A intenção dessa postagem é lembrar aos irmãos sobre o princípio da religião, que é a caridade, simplicidade, humildade e amor...... Os espíritos não mudam sua essência, o mesmo caboclo que oficializou a Umbanda 100 anos atrás continua o mesmo, os elementos da Divina natureza criados por Deus, são os mesmos....... O que muda é a religião, conforme o interesse particular de cada um......

Abraços à todos........

11 comentários:

Anônimo disse...

sinceramente estou encantada com a dicertação, foi colocada com uma sinplicidade e complexidade que nos encanta.... sempre tive vontade de entender claramente as diferenças e sempre me passaram com muitas explicações intrincicas que eu nunca tinha entendido direito... Foi sinceramente um prazer visita-los e gostaria que sempre nos mantesse orientados com uma leitura facil... dinamica e muito bem colocada...
Att,
Carla Vasconcellos

Tata Kiretaua disse...

Ntondele (obrigado).....

Carla, fiquei muito feliz com suas palavras!!
São postagens como a sua, que me fazem seguir em frente com meu trabalho....
Muito obrigado!!
Fique com as bençãos e a proteção das Divindades da natureza...

Nguzu kandandu pala xê!
(Forte abraço para você!)

Anônimo disse...

Mukuiu!
Gostaria de expressar minha enorme alegria e gratidão ao ler sua explicação. É uma honra poder ter acesso a este texto muito bem elaborado e esclarecedor. Uma benção. Precisamos cada vez mais de pessoas como você. Pessoas que fazem muita diferença num contexto de muitos equívocos e falta enorme de respeito. Vou tomar a liberdade de indicar este texto para meus irmãos, amigos e todos aqueles que buscam informações precisas. Meu muito obrigado e sincero!
Nguzu kandandu pala xê!
Hounsi Louis - estudioso e profundo admirador das raízes africanas que governam nosso mundo.
Nada é por acaso! Sua benção se a mereço! Bjos no coração.

Tata Kiretaua disse...

Sakirila ia muxima emi pange!)
(Obrigado de coração meu irmão!)

Você não imagina como suas palavras me deixaram feliz!!

Desejo à vc paz, prosperidade material e espiritual e muita saúde.....

Nguzu Kandandu

Tata Kitalehoxi disse...

Muito boa essa sua explicação sobre o Candomble Angola - Kongo e a Umbanda que muitas pessoas se embaração achando ser a mesma coisa. A cada dia o Candomblé de nação Angola se enrriquece com o resgate da cultura bantu que aqui vieram e se perderam durante os tempos.


Abraços !
Tata Kitalehoxi !!!

Tata Kiretaua disse...

Obrigado Tata.... A intenção é sempre passar à todos que, nada é a mesma coisa! Se respeitarmos as diferenças e tradições, culturas e costumes de cada religião ou culto, viveremos numa maior harmonia!

Moxi kione kandandu!

Anônimo disse...

Boa tarde, adorei a explicação. Mas tenho uma dúvida! Muito se fala em evolução espiritual, então pelo que foi explicadpo os orixás da umbanda não sào divindades mas também já nào encarnarão na terra. Mas então qual será o destino de nós encarnados ao fazermos a passagem? Nunca chegaremos a ser divindades como no candonblé? se evoluirmos poderemos a chegar a ser orixás da umbanda? um abraço

Unknown disse...

Muito bom o exclarecimento sobre as diferenças da umbanda e as religiões de origem afro.

Unknown disse...

Muito bom o exclarecimento sobre as diferenças da umbanda e as religiões de origem afro.

Dayene Louvise disse...

Sou Umbandista, de berço, e vc sinceridade, não sabe nada de Umbanda. Se o espaço e aberto para opinião, fica a minha: achei que o texto enaltece o Candomblé e desmerece a Umbanda. Não é isso que deve ser pregado. Não entendo de Candomblé, não quero entender, mas respeito. Me sinto desrespeitada como Umbandista. Luz pra vc!

Waldete Costa disse...

Parabéns lindo texto que espero que esclareça as pessoas sobre a Umbanda